quarta-feira, 28 de novembro de 2012
por Pedro Porfírio
Todos os caminhos levam a uma saída esperta que
garanta royalties para todos, menos para educação
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Falso Papa foi à rua brigar por royalties e
inspirar uma saída
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Macaco
velho, tido e havido como paradigma de um Congresso envolvido até à medula na
picaretagem ampla, geral e irrestrita, o deputado Eduardo Cunha (provável
futuro líder do PMDB) matou a charada, ao afirmar que o grande problema na
votação ocorrida na Câmara em 9 de novembro, quando a sanha de uma maioria pra
lá de fisiológica prevaleceu, foi a proposta de destinar os recursos dos
royalties para a educação, como pretendia a presidenta Dilma:
- Nesse momento todos os demais estados ficaram
contra o relator e decidiram aprovar o projeto do senador paraibano Vital do
Rego que acabou dividindo os recursos para todos os entes federativos,
pulverizando os recursos dos estados produtores.
Agora,
com o processamento de frenéticas negociações para saber como descascar o
abacaxi da corrida aos royalties, tem-se como provável que a presidente Dilma
recorrerá a uma decisão salomônica para aquinhoar a todos sem prejudicar quem
já estava com a mão na massa.
Mas para
isso vai abrir mão do carimbo que garantiria recursos para a educação, fantasma que assusta a quem já
ganha por conta e quem quer receber qualquer grana, desde que livre e
desimpedido para sua própria orgia.
Com esse
denominador comum, a educação irá para as cucuias mais uma vez e a meta de 10%
do PIB para ela não passará de mais um ilusório sonho de uma noite de verão. Quando
dezembro vier, a ignorância e o obscurantismo farão a festa de braços dados com
a corrupção e a insensatez míope e mal intencionada.
De fato,
não será difícil uma conta de chegar. O dinheiro dos royalties violará sua
natureza reparadora e servirá algumas pepitas a quem não tem nada com o peixe,
mas isso não será novidade. No Estado do Rio, apenas 5 dos 94 municípios não
recebem algum do petróleo, isso independente de serem ou não afetados
diretamente pelas atividades de exploração, refino ou até de passagem de carga
ou oleoduto. Ou seja, com as novas
regras apenas estaremos estendendo a mão amiga aos ávidos gestores de todo o
país.
Como se
vê, essa não é uma briga de cachorros grandes, mas vai saciar os apetites de
toda a fauna, ratazanas à frente. E tem componentes típicos de uma era
decadente, onde tudo que um homem público quer é privatizar o tesouro, de
preferência para seu bolso.
A
resistência aos gastos com educação tem sua lógica. Pagando melhor aos
professores e não fazendo obras superfaturadas não tem como garantir as
propinas que são os grandes sonhos de consumo de nove e meio de cada dez
políticos vitoriosos neste país deitado eternamente em berço esplêndido.
Deixando
a educação à míngua não há risco de abalar a pirâmide social e o domínio exercido
por uma elite medíocre, degenerada e insaciável, que controla todos os cofres,
públicos e privados, e aposta no atraso como forma de preservar a concentração
de rendas e de poderes políticos.
Em outras
palavras, esse conflito sobre os royalties terá final aconchabrado como o diabo
gosta. Dezembro é um mês de festas e confraternizações. Os donos da cocada
preta erguerão um brinde à partilha da conveniência e à vitória da ignorância,
elemento motor em um país em que se acha sempre um jeitinho para conciliar
interesses velhacos.
Não há
clima para novidades no front.
Postado
por Pedro Porfírio